Mergulhe num mundo maravilhoso de memórias, heranças amaldiçoadas e imagens metafóricas fantásticas de um realizador brasileiro que, a caminho do seu sonho de realizar um filme segundo as suas próprias ideias, deixa o seu Brasil natal e segue raízes distantes a Moçambique e a Portugal. Até o próprio diretor, Felipe Bragança, percorreu os dois países lusófonos durante a preparação do filme, e as filmagens decorreram desde o início numa coprodução luso-brasileira. O diretor deixa o espectador em dúvida se está contando uma história autobiográfica, se o filme é realmente tão profundo que só um verdadeiro conhecedor verá a realidade e se tudo dará certo no fim. Esse metafilme original repleto de contextos lusófonos impressiona por sua singularidade e crítica explícita à situação brasileira atual, na qual realmente não é fácil filmar de forma independente. No entanto, a crítica não termina aqui. O filme é um reflexo da profunda frustração do diretor (e do público artístico e profissional em geral), que tem sentido grande preocupação nos últimos anos com a decadência da imagem canônica do Brasil como um paraíso da miscigenação. No filme, surgem esqueletos mal trancados em armários, como o legado de séculos de escravidão. O filme foi exibido no Festival de Cinema de Rotterdam e ganhou um total de 5 prêmios no Festival de Gramado em 2020, incluindo o prêmio de Melhor Atriz Isabel Zuaa e de Melhor Roteiro.