No filme Rasga Coração, o realizador Jorge Furtado fala do conflito geracional e da luta constante a ele associada. Seja uma luta pela democracia, pelos direitos humanos ou apenas uma luta aparentemente simples pelo amor verdadeiro, para cada geração sua luta é a mais importante. Mas podem os pais que cresceram sob uma ditadura militar entender os novos desafios que os seus filhos enfrentam nas suas vidas? E quanto à geração mais jovem, eles podem admitir que, graças ao desafio de seus pais, eles agora podem protestar por igualdade ou conservação do meio-ambiente, ou outras questões políticas atuais? O filme mostra os desafios reais das (diversas) gerações de adolescentes brasileiros, assim como os primeiros passos nas zonas proibidas que lhes são comuns. O ator Marco Ricca, que ingenuamente permeia as tomadas contemporâneas no papel do pai, brilha com uma ótima atuação. Seu eu mais jovem, retratado por João Zappa, aparece em espaços retrospectivos, centrais ao roteiro, que nos revela tudo de maneira gradual e engenhosa no momento certo. Também são excelentes as entradas de George Sauma no papel coadjuvante do peculiar boêmio Lorde Bundinha. A trilha sonora fantástica, muitas vezes “ao vivo”, parece ter se fundido com o filme há muito tempo e ressalta ainda mais as alegrias e tensões que vivenciamos com os personagens.