A estreia de diretor de Lazaro Ramos baseada em uma peca teatral bem-sucedida é uma crítica provocante e sem compromissos dos problemas da sociedade brasileira, e um pesadelo absurdo dum futuro distópico. O que tudo é possível quando uma pessoa não certa tem o poder nas mãos? “Medida provisória” é uma ação legal que pode ser emitida imediatamente e apenas pelo presidente do país. A medida no filme ganha uma imagem de terror–todos que têm o sangue dos antecedentes africanos nas veias serão “devolvidos” à África–custe o que custar. Assistimos a esta intervenção na vida da média Capitú e o advogado António que sonharam da bênção para o amor deles pelo nascimento dum filho, e o irmão de António, André. Quem vai resistir e vai se defender? Quem vai sucumbir? O filme que juntou o maior número dos nomes famosos dos atuais artistas brasileiros de pele escura, altamente avisa que eles vão resistir. Que o país pertence também a ele, assim como aos outros. O filme abre sem piedade o tema doloroso do passado escravista e do racismo. O elenco de estrelas (Taís Araújo, Alfie Enoch, Seu Jorge) entrega emoções aos seus papéis de maneira maestral, mas além disso vamos paradoxalmente também rir com o filme. E sobretudo, ele vai nos forçar apensar em muitas coisas. Assim como o filme Marighella, também a Medida Provisória encontrou o desgosto dos simpatizantes do presidente Bolsonaro e o adiamentoda permissão da distribuição no país da parte das autoridades. Durante esta espera, ele foi exibido em muitos festivais mundiais, onde colheu elogios e críticas positivas. Apesar das tentativas pelo boicote, o filme entrou nos cinemas do Brasil neste ano que ficaram esgotados imediatamente.