A floresta como um organismo vivo do qual os índios se sentem fazer parte. A floresta como o último refúgio da sabedoria ancestral e da compreensão do mundo, que vale a pena proteger e transmitir. No entanto, este semi documentário não tenta nem persuadir ninguém e nem insistir, não é um pedido desesperado de ajuda. É a visão da floresta atual, nós, como espectadores, somos expostos a tristezas pessoais contra o pano de fundo do infeliz relaxamento das leis "de cima" e as preocupações do retorno dos garimpeiros e rios envenenados. O preocupante contexto se combina perfeitamente com os mitos da história. A câmera se adapta à natureza e às moradias dos índios e, casualmente, capta sua fluência natural. O roteiro vem de duas canetas: o antropólogo e cineasta Luiz Bolognesi aliou sua experiência à sabedoria do xamã, escritor e líder político dos índios Yanomami Davi Kopenawa, que também desempenhou o papel principal. Além das raízes, tradições e lendas encenadas pelos próprios índios, vemos a luta de Davi pela proteção e sobrevivência de seu povo. Um filme feito em um momento em que as circunstâncias no Brasil não desejam índios ou cineastas, com respeito à tribo indígena e sem idealizações desnecessárias da vida na floresta tropical. Sua mensagem vai além da própria história e o filme em si mesmo se torna uma resistência silenciosa, mas firme e inextinguível. Na Berlinale deste ano, o filme ganhou o prêmio de melhor filme da seção Panorama.